Nas últimas semanas de julho, várias partes do país experimentaram um frio intenso. Temperaturas abaixo da média, tempo seco e até geadas fizeram os brasileiros tirar os casacos do armário e se preparar para um clima atípico. Mas as pessoas não foram as únicas impactadas: plantações agrícolas de diversos itens também sentiram a mudança.

Café, milho, frutas, hortaliças e até os pastos que servem de comida para o gado sofreram com as baixas temperaturas. Para se ter uma ideia, em Minas Gerais – maior produtor de café do país – a geada afetou, aproximadamente, 156,3 mil hectares da plantação. Isso corresponde a 17,2% da área de cafeicultura na região mapeada pelo levantamento realizado pela Emater-MG, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais.

A consequência dos danos nas lavouras, porém, não fica apenas na zona rural. Ela pode ser sentida na hora de pagar as compras nos supermercados, hortifrutis e feiras livres.

Porque as temperaturas afetam a agricultura?

Para crescerem, as plantações dependem de uma série de fatores aliados ao clima, como temperatura, quantidade de chuvas e umidade. Cada cultivo tem particularidades ideais para o desenvolvimento, mas se as condições climáticas desviam do padrão, aqueles que não se dão bem com o frio são gravemente afetados.

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) explica que as geadas, por exemplo, podem provocar a morte das plantas por conta do congelamento dos tecidos vegetais. Algumas plantações, como laranja, maçã e pera, são menos sensíveis ao frio e suportam temperaturas baixas, como 0ºC. Já outras, a exemplo do trigo, da batata e do café, são menos tolerantes e não resistem.

Com as safras prejudicadas, a colheita é menor e, logo, a oferta dos produtos nas prateleiras diminui. É o que vem acontecendo em diversos centros de abastecimento que já apresentam queda no volume da oferta, segundo mostra a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Os alimentos vão ficar mais caros?

O efeito da escassez de produtos já pode ser sentido pelos brasileiros, já que, de acordo com a Conab, o fim de julho foi marcado pela alta no valor de itens na maioria dos mercados atacadistas. No atacado da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a oferta da batata caiu 2%, enquanto os preços aumentaram em 19%.

Acontece que a lei de oferta e demanda, princípio básico da economia, é o que determina esse cenário. Com a disponibilidade dos produtos diminuindo e a demanda se mantendo estável, a tendência é que os preços subam.

Daniel Arruda, analista de Research do Inter, destaca que o preço dos alimentos no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu cerca de 18,2% ao longo do último ano, de forma que os aumentos atuais ocorrem sobre uma base já elevada e deterioram ainda mais o poder de compra da população.

E se o frio já cria um cenário de alerta, ainda há outro fator que preocupa mais: a crise hídrica, que impacta o preço das tarifas de energia elétrica.

Citação

Dados da ONS mostram os reservatórios do Sudeste operando com 25,4% da capacidade, ante 47,3% no mesmo período do ano anterior, forçando o acionamento das usinas térmicas. Isso impacta o custo de geração e estimula novos repasses ao consumidor final, por meio dos ajustes na bandeira tarifária observados nos últimos meses.

- Daniel Arruda, analista de research do Inter

A perspectiva, segundo o analista, é que o IPCA de julho, a ser divulgado ainda em agosto de 2021, registre alta próxima a 0,93%, impactada por itens de consumo básico e de difícil substituição. A previsão é que a renda do consumidor sinta o impacto nos próximos meses. Por isso, vale o alerta: é importante monitorar os gastos, ficar de olho nas contas e investir no planejamento das finanças para proteger o seu dinheiro.

Se quiser, você já pode começar a seguir as dicas agora: aprenda como montar o seu orçamento familiar para pagar as contas em dia e organizar a sua vida financeira. 

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