Uma moeda digital brasileira, emitida pelo Banco Central, que funciona como uma extensão da moeda física: o “Real digital”. Isso mesmo. A ideia pode parecer surpreendente para alguns, mas não é nova. Em maio deste ano, o BC anunciou as diretrizes para a criação da inciativa, seguindo uma tendência mundial.

De acordo com dados publicados no jornal The Economist, cerca de 80% das autoridades monetárias de todo o mundo caminham para fornecer esse tipo de tecnologia. Mas, em resumo, o que já se sabe sobre o Real digital? Está próximo de acontecer? Quais benefícios essa alternativa digital traria?

A gente te ajuda a entender o que está por vir!

O que é o real digital?

A ideia do Real digital é ser uma moeda virtual, emitida pelo Banco Central (BC). Ele será inserido em uma nova categoria: moedas digitais dos bancos centrais, conhecidas pelo termo em inglês Central Bank Digital Currency (CDBC).

O ativo funcionaria como um “token”, uma espécie de moeda inteligente. Ela serviria para estimular novos modelos de negócio em uma economia digital, facilitando transações e a implantação dos chamados smart contracts (contratos inteligentes).

Outra grande mudança: a responsabilidade sobre o dinheiro. Se atualmente o que é depositado na conta corrente está sob os cuidados do banco em questão, os chamados reais digitais seriam de responsabilidade direta do BC, em contas novas a serem criadas.

A distribuição ao público dessa moeda digital será intermediada por custodiantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), sem remuneração às instituições financeira pelo BC.

O Banco Central é enfático ao dizer que a tecnologia de criação da moeda deve “seguir as recomendações internacionais e normas legais sobre prevenção à lavagem de dinheiro, ao financiamento do terrorismo e ao financiamento da proliferação de armas de destruição em massa, inclusive em cumprimento a ordens judiciais para rastrear operações ilícitas”. A moeda também deve permitir pagamentos em outros países.

Principais benefícios

De acordo com o Banco Central, a reserva de valor virtual pode resultar em:

  • Redução de custos para impressão do dinheiro;
  • Facilidade em transações;
  • Prevenir alguns perigos, tais como uma corrida bancária em uma crise financeira.

Diferenças para outras criptomoedas

Fique atento! A iniciativa não está relacionada a um possível início de uma regulamentação das criptomoedas no país. Embora as discussões ainda estejam em uma fase preliminar, a moeda digital brasileira já tem diretrizes claras que se diferenciam do modelo de criptoativos, como Bitcoin e Ethereum. São algumas delas:

  • Previsão de uso em pagamentos de varejo;
  • Capacidade de atuar online e off-line;
  • Garantia de segurança jurídica nas operações;
  • Possibilidade de rastreamento de operações ilícitas;
  • O ativo deve ser emitido pelo Banco Central, como uma extensão da moeda física*.

*Essa condição garante a estabilidade da moeda. Se tenho R$ 100 digitais nesse exato momento, daqui um mês terei esse mesmo valor, caso eu não adquira nada com essa quantia, claro. Isso responde uma grande dúvida sobre o funcionamento do “real digital”, já que ao contrário do que se imagina para ele, as outras criptomoedas, geralmente, são difíceis de rastrear, descentralizadas e valorizam ou desvalorizam conforme a demanda de investidores.

Em que pé anda a discussão?

Diálogo com a sociedade e muita análise são os passos fundamentais para avançar na implementação da ideia de um “Real digital”. O Banco Central avalia que é preciso aprofundar a ideia com o setor privado antes de definir um cronograma mais definitivo. 

Trocas assim permitem análises mais completas dos casos de usos que possam se beneficiar da emissão de uma CBDC (Central Bank Digital Currencies). Além disso, é possível aperfeiçoar as tecnologias mais adequadas para iniciar a implementação do projeto.

O prazo de dois a três anos foi estipulado pelo BC para que se reúnam as condições necessárias para o lançamento da moeda.

O mercado vê o início do diálogo entre os diferentes agentes econômicos de forma positiva. 

Citação

Com o avanço das criptomoedas como alternativa aos meios de pagamentos e transações monetárias tradicionais, governos centrais do mundo todo acenderam o alerta quanto à necessidade de adaptação e evolução desse novo modelo financeiro.

- Gabriela Joubert, Gerente Executiva de Equity Research do Inter.

Entenda mais sobre cripto

Um universo repleto de possibilidades e riscos. Pontos fortes das criptomoedas podem representar também as fraquezas dessa alternativa digital. Um pouco perdido sobre o assunto? Quer saber se é vantajoso investir em criptos? Preparamos um material especial para você que vai esclarecer essas dúvidas.

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